ATA DA TRIGÉSIMA SESSÃO SOLENE DA QUARTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM 22-8-2000.

 


Aos vinte e dois dias do mês de agosto do ano dois mil reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às dezessete horas e trinta minutos, constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos da presente Sessão, destinada à entrega do Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Senhor Algemir Lunardi Brunetto, nos termos do Projeto de Lei do Legislativo nº 041/00 (Processo nº 0678/00), de autoria do Vereador Fernando Záchia. Compuseram a MESA: o Vereador João Motta, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; o Senhor José Fortunati, Vice-Prefeito Municipal de Porto Alegre; o Senhor Lauro Quadros, Presidente do Conselho do Instituto do Câncer Infantil; o Senhor Gilberto Schwartsmann, representante da Reitoria da Universidade Luterana do Brasil - ULBRA; o Senhor Algemir Lunardi Brunetto, Homenageado; a Senhora Janete Brunetto, esposa do Homenageado; o Vereador Fernando Záchia, na ocasião, Secretário “ad hoc”. A seguir, o Senhor Presidente convidou a todos para, em pé, ouvirem a execução do Hino Nacional Brasileiro e, após, concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O Vereador Fernando Záchia, em nome das Bancadas do PMDB, PTB, PSB, PPB e PPS, discorreu sobre aspectos referentes à vida pessoal e às atividades profissionais desenvolvidas pelo Homenageado, reportando-se à aprovação unânime do Projeto de Lei que concedeu o Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Senhor Algemir Lunardi Brunetto e justificando os motivos que levaram Sua Excelência a propor a presente homenagem. O Vereador João Bosco Vaz, em nome da Bancada do PDT, salientou a justeza da homenagem hoje prestada ao Senhor Algemir Lunardi Brunetto, afirmando que esse é o reconhecimento que a Casa presta ao Homenageado pela iniciativa de mobilizar a sociedade, concretizando o projeto de implementação do Instituto do Câncer Infantil em Porto Alegre. O Vereador Reginaldo Pujol, em nome da Bancada do PFL, saudou o Senhor Algemir Lunardi Brunetto pelo recebimento do Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre, enaltecendo a relevância social do trabalho desenvolvido por Sua Senhoria, especialmente no que se refere à construção e manutenção do Instituto do Câncer Infantil. Na oportunidade, o Senhor Presidente registrou as seguintes presenças, como extensão da Mesa: do Senhor Ângelo Brunetto, pai do Homenageado; da Senhora Santina Brunetto, mãe do Homenageado; das Senhoras Josecler Brunetto e Maria Inês Morando, irmãs do Homenageado; de representantes do Instituto do Câncer Infantil, da Fundação SOAD de Pesquisa do Câncer - South American Office for Anticancer Drug Development, da Universidade Luterana do Brasil – ULBRA e do Rotary Internacional; de amigos do Homenageado. A seguir, foi dada continuidade às manifestações dos Senhores Vereadores. O Vereador Cláudio Sebenelo, em nome da Bancada do PSDB, prestou sua homenagem ao Senhor Algemir Lunardi Brunetto, fazendo uma reflexão sobre os avanços verificados na medicina moderna e destacando a dedicação e a qualidade sempre demonstradas pelo Homenageado no exercício de suas atividades profissionais. Após, o Senhor Presidente registrou a presença do Senhor Telmo Kruse, representante do Conselho de Cidadãos Honorários de Porto Alegre, convidando Sua Senhoria a integrar a Mesa dos trabalhos. Em prosseguimento, foi dada continuidade às manifestações dos Senhores Vereadores. O Vereador João Motta, em nome da Bancada do PT, salientou a justeza da homenagem hoje prestada pela Câmara Municipal de Porto Alegre ao Senhor Algemir Lunardi Brunetto, comentando aspectos atinentes à contribuição prestada pelo Homenageado à sociedade porto-alegrense, através da atuação de Sua Senhoria junto ao Instituto do Câncer Infantil. A seguir, o Senhor Presidente convidou o Vereador Fernando Záchia e o Senhor Lauro Quadros para procederem à entrega, respectivamente, do Diploma e da Medalha alusivos ao Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Senhor Algemir Lunardi Brunetto, concedendo a palavra ao Homenageado, que agradeceu o Título recebido. Em continuidade, procedeu-se à execução fonográfica da música “Porto Alegre é demais”, e o Senhor Presidente registrou o recebimento de correspondência alusiva à presente homenagem, enviada pelo Senhor Governador do Estado do Rio Grande do Sul. Após, o Senhor Presidente convidou os presentes para, em pé, ouvirem a execução do Hino Rio-Grandense e, nada mais havendo a tratar, agradeceu a presença de todos e declarou encerrados os trabalhos às dezoito horas e quarenta e cinco minutos, convidando a todos para a Sessão Solene a ser realizada a seguir. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores João Motta e Fernando Záchia e secretariados pelo Vereador Fernando Záchia, como Secretário “ad hoc”. Do que eu, Fernando Záchia, Secretário "ad hoc", determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelos Senhores 1º Secretário e Presidente.

 

 


O SR. PRESIDENTE (João Motta): Estão abertos os trabalhos da presente Sessão Solene, destinada à entrega do Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre, ao Dr. Algemir Lunardi Brunetto.

Convidamos para compor a Mesa o Dr. Algemir Lunardi Brunetto; o Sr. José Fortunati, Vice-Prefeito de Porto Alegre; a Sr.ª Janete Brunetto, esposa do homenageado; o Sr. Lauro Quadros, Presidente do Conselho do Instituto do Câncer Infantil e o Dr. Gilberto Schwartsmann, representante da Reitoria da ULBRA.

Convidamos todos os presentes para, em pé, ouvirmos o Hino Nacional.

 

(Executa-se o Hino Nacional.)

 

O Ver. Fernando Záchia está com a palavra e falará em nome das Bancadas do PMDB, PPS, PSB e PTB.

 

O SR. FERNANDO ZÁCHIA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Eu já estou no meu segundo mandato, com muita honra, com muito orgulho, na Câmara Municipal de Porto Alegre. Já tive oportunidades, em outros momentos, de também homenagear pessoas que têm um trabalho extremamente importante para a Cidade de Porto Alegre. Uns, particularmente, me tocaram muito.

Há pouco, na Sala da Presidência, falando com o nosso homenageado, Dr. Algemir Lunardi Brunetto, dizia-lhe que já dei o Título de Cidadão a um amigo pessoal, André Forster, o qual muito me homenageou, era um homem que estava em um momento de dificuldades físicas; já dei Título ao João Havelange que, não fez especificamente por Porto Alegre, mas fez para o mundo, no aspecto do futebol; a um colega e amigo do Lauro, o Ruy Carlos Ostermann. E agora, com muito orgulho, tive a iniciativa de dar este Título, que foi aprovado por unanimidade nesta Casa, ao Dr. Algemir Lunardi Brunetto. Desses quatro Títulos, o que mais me toca é o do Dr. Algemir Lunardi Brunetto, por diversas razões: uma específica, até então eu não tinha com ele uma relação de maior intimidade. Conheci o Doutor aqui na Câmara nessas lutas do Dr. Brunetto pelo Instituto do Câncer Infantil, na época era o Prefeito Tarso Genro, quando votávamos uma verba para o Instituto do Câncer Infantil, com a participação importante do Ver. João Motta. Eu e o Ver. Mazzaropi, homem ligado ao Grêmio, na época eu vinha do Internacional, ficamos encantados com a idéia do Instituto do Câncer Infantil. Pela nossa inexperiência, pelo pouco conhecimento das suas idéias, fomos procurar o Dr. Brunetto com o propósito de fazermos um jogo, no final do ano, envolvendo os profissionais do Internacional e do Grêmio. A arrecadação desse jogo reverteria para o Instituto do Câncer Infantil. O Dr. Brunetto, pela sua simpatia, pela sua educação, pela sua alegria, convenceu-nos que o importante não era um único evento, o importante seria que a comunidade se envolvesse cada vez mais, que as pessoas soubessem o que de fato representava o Instituto de Câncer Infantil. Se fizéssemos só um jogo, não estaríamos ajudando a construir essa idéia, a construir esse projeto.

No primeiro momento, ao sair dali, talvez estivesse decepcionado, e disse para o Ver. Mazzaropi que essa idéia do Instituto era fantástica. Fomos visitar o Instituto, isso foi em 1993, 1994. Assim, fiquei convencido que atrás dessa idéia deveria haver um grande homem, um homem determinado, um homem obstinado para que tudo isso desse certo. Voltei em 1995, como Vice-Presidente do Internacional, levei o Branco, ex-jogador da Seleção Brasileira, o Gamarra, Goicothea, e o Márcio, se bem recordo, quatro jogadores para que eles conhecessem o Instituto e ver a alegria daquelas crianças, que teriam todas as razões do mundo para serem tristes, mas eram crianças alegres. Eram jogadores de futebol, às vezes erradamente achamos que não têm preparo, mas eram jogadores que tinham sentimentos humanos muito apurados, porque vieram de dificuldades, venceram nas suas atividades profissionais por seus méritos. Esses jogadores altos, fortes, são uns homens, mas pareciam umas crianças quando choravam, porque eles se depararam com aquele quadro de felicidade daquelas crianças, sofridas pela dor, pelo tratamento, mas que vibravam e ficavam contentes pela visita daqueles jogadores de futebol. Eu já tenho algumas experiências na vida, pois já passei por algumas dificuldades pessoais, que me emocionam em determinados momentos, mas recordo que saí, em um determinado momento da sala, porque tive uma certa vergonha de enfrentar aqueles jogadores que eram subordinados a mim e eu mostrar, quem sabe - a gente com essa mania, Lauro, de machista, - uma fraqueza, por estar chorando, ao constatar aquele quadro. Eu tenho a convicção de que aquele momento foi um marco para a minha vida, ali eu amadureci, ali eu aprendi, ali eu comecei a ver a vida, de uma maneira diferente.

São mais de mil crianças que passaram por esse Instituto, pelas mãos desse homem, por esse projeto. Certamente muitos pais, irmãos, avós e tios devem ter um carinho e um reconhecimento muito grande pelo Dr. Brunetto, de saber que alguns viveram, a grande maioria, e que outros não tiveram essa sorte, mas tiveram o carinho de uma pessoa, de uma equipe e de amigos que fazem, obrigatoriamente, com que Porto Alegre reconheça isso. Certamente, o título, se pudesse, seria um título de cidadão do Brasil, porque crianças de todo lugar chegam ao Instituto e recebem o mesmo carinho.

Essa mesma emoção que eu tive lá em 1995, eu sei por causa de depoimentos dos amigos, e o Gilberto ajuda-me nisso, o Zélio dizia-me isso, antes de começar a homenagem, que ainda até hoje o Dr. Brunetto, quando se refere ou quando vê que venceu uma etapa, ou seja, que uma criança dessas sobrevive, até hoje ele se emociona, ele que é um profissional, o homem que nasceu em Paim Filho, que foi estudar na Inglaterra, que tem dois filhos, o homem que conquistou a sua vida e que talvez seja, para nós, um marco como profissional; para mim, sem dúvida alguma, é um marco como cidadão, como um homem.

Eu tenho muito orgulho, muita honra de ser sócio-honorário do Instituto, para o qual eu posso contribuir não sei como, mas foi um convencimento que se conseguiu fazer com a sociedade porto-alegrense, hoje, porque hoje é fácil acreditar no Instituto do Câncer Infantil, o difícil era acreditar em 1991, quando o Dr. Brunetto fazia a primeira reunião com trinta profissionais, mas que na segunda reunião havia três ou quatro. E essa determinação, essa capacidade de fazer um instituto sem capital social, onde o capital social era a credibilidade das pessoas as quais ele chamou - e o Lauro é o maior exemplo disso - que, no primeiro momento, incorporaram-se o Armando Gaza, essas pessoas que emprestavam sua credibilidade pessoal para que esse projeto pudesse ter o sucesso que hoje tem. Hoje, falar em Instituto do Câncer Infantil é muito fácil, mas se passaram nove anos. Mas nesses nove anos há a mão, o trabalho e a cara do nosso homenageado. Porto Alegre reconhece isso.

Muito obrigado, Dr. Brunetto e parabéns a vocês, amigos do Dr. Brunetto, porque ter um amigo com essas características e com esse perfil deve ser extremamente maravilhoso. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Motta): Registramos que o Ver. Fernando Záchia fez a manifestação também em nome da Bancada do PPB.

O Ver. João Bosco Vaz está com a palavra para falar pela Bancada do PDT.

 

O SR. JOÃO BOSCO VAZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) A idade vai avançando e todos nós vamos, talvez, ficando um pouco místicos. Eu tenho pensado muito nas nossas crises existenciais, raciocinado muito e meditado sobre a missão de todos nós nesta passagem por esta vida, que dizem que é curta - e para muitos realmente é curta. Mas a missão de todos nós é pregarmos a solidariedade, pregarmos a qualidade de vida através da família, pregarmos a qualidade de vida através da amizade, da parceria e do bem ao próximo. Entendo que esta é a missão de todos nós. Propor-se a liderar um movimento como este, tornar realidade o Instituto do Câncer Infantil, poder salvar vidas, poder, acima de tudo, Dr. Brunetto, mobilizar uma sociedade inteira para uma causa justa, isso tudo gerou este reconhecimento que a Câmara de Vereadores de Porto Alegre presta ao senhor nesta iniciativa do Ver. Luiz Fernando Záchia.

Estamos resgatando, através deste Título, não a sua qualidade pessoal, a sua qualidade profissional, que saltam aos olhos daqueles que acompanham a sua trajetória, estamos, aqui, resgatando e reconhecendo o trabalho de um homem e de uma equipe que têm levado esta mensagem de carinho que as pessoas necessitam, neste mundo conturbado, neste mundo transloucado, onde não sabemos mais se o nosso melhor amigo ainda é o nosso melhor amigo, ou se o nosso vizinho ainda é o nosso melhor vizinho, porque eles, a exemplo de todos nós, também estão andando, estão buscando o seu espaço, e surge o Dr. Brunetto, surge o Lauro Quadros. O Dr. Brunetto poderia estar em casa, cuidando dos netos, dos filhos, aproveitando. É um homem famoso, tranqüilo, bem estabilizado. O Lauro também entendeu que precisava-se doar, assim como tantos outros aqui presentes que fazem parte da sua equipe.

Então, Dr. Brunetto, a mensagem que fica, a certeza que fica, a constatação que fica, é que, sozinhos, nós não somos ninguém. Todos nós precisamos uns dos outros em qualquer ramo de atividade, em qualquer passo que for dado na nossa vida, na nossa profissão. Isoladamente, não somos ninguém, ou melhor, somos egoístas. Isoladamente não chegamos a lugar nenhum, e se é verdade que um grande homem é conhecido pela sua grande obra, aqui está, sendo homenageado, um grande homem. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Motta): O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra em nome da Bancada do PFL.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sr. Algemir Lunardi Brunetto. (Saúda os demais componentes da Mesa e demais presentes.) Nós estamos reunidos, no dia de hoje, em função de uma imposição regimental que determina que, após os procedimentos das nossas normas internas, aqueles projetos de lei que lograrem o consenso da Casa, que receberem o apoio do colégio de líderes e a aprovação da maioria da Casa, se transformam em lei, e essa determina a realização de um ato solene, onde, definitivamente, se confere o Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre às pessoas que foram indicadas pelos respectivos autores dos Projetos. No caso concreto, o feliz autor da proposição é este combativo Ver. Luiz Fernando Záchia, pessoa quem eu vim a conhecer nas lides parlamentares, pelo qual tenho um afeto muito especial. Lembro-me, inclusive, em relação a esse afeto, que, quando ele me entregou o Projeto na sua fase exordial, busquei com ele informação sobre quem era o homenageado, e ele foi extremamente feliz ao fazer uma síntese de rara objetividade, dizendo quais as razões e a motivação que o levavam a propor a iniciativa que depois logrou ser aprovada pela unanimidade deste Plenário. E o Záchia me dizia simplesmente o seguinte: “Ele é o construtor do Instituto do Câncer Infantil”, o que dispensa maiores laudações.

Quem desconhecer a importância desta obra no contexto da sociedade porto-alegrense, não vive o cotidiano da Cidade, quem não perceber a relevância de uma tarefa que se volta, a um só tempo, para a saúde e para a criança, não tem a sensibilidade de participar, de integrar um corpo legislativo como este que nós integramos. Penso que foi exatamente por isso e pelo talento, pelo prestígio pessoal do Ver. Fernando Záchia, que esta Casa, com a maior tranqüilidade e por unanimidade, aprovou o Projeto de Lei que nos permite, hoje, estar saudando esta celebração oficial, com a entrega do Diploma correspondente, e com a confirmação, na Lei e no fato, da decisão do Legislativo de Porto Alegre, que outra coisa não fez senão acompanhar o reconhecimento da Cidade ao trabalho magnífico que vem sendo realizado em Porto Alegre por este competente médico, que, tendo nascido lá em Paim Filho, na adolescência ainda se estabeleceria em Porto Alegre, para aqui construir toda a sua formação profissional, esta engalanada e complementada com cursos de aperfeiçoamento realizados no exterior, na Inglaterra, nos Estados Unidos, que lhe deram a credencial para ser, hoje, o Chefe do Serviço de Oncologia e Pediatria do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, onde realiza a sua vocação profissional, esta inteiramente complementada na condição de Diretor-Presidente do Instituto do Câncer Infantil do Rio Grande do Sul.

Foi por esta razão, Ver. Cláudio Sebenelo, que indaguei, um pouco antes da abertura dos trabalhos da Sessão, da conveniência de nos somarmos àqueles outros companheiros que transferiram a responsabilidade da saudação ao grande proponente da iniciativa, Ver. Fernando Záchia. Entendi de prestigiar, por inteiro, este ato com a minha presença, com a minha voz e, sobretudo, com o meu depoimento. Penso que, sem relegar em momento algum a um plano inferior a alta sensibilidade do proponente do Projeto, devo reconhecer publicamente que a grande felicidade do Záchia foi oferecer à Casa uma proposta irrecusável, uma vez que, esclarecido a quem se destinava, identificado o objeto da homenagem, não tinha este Legislativo outro caminho a percorrer senão consagrar a proposta do Vereador proponente. É por isso que compareço, hoje, aqui, para dizer que a unanimidade registrada na ocasião não foi um mero acidente, não foi uma mera ocasionalidade, foi, sim, sobretudo, uma consciência que nós, Vereadores de Porto Alegre, temos de que o homenageado, a um só tempo, realiza duas tarefas, isto é, recebe de nós a homenagem da Cidade e, ao mesmo tempo, homenageia a Cidade com o seu trabalho cotidiano.

Ao ser incluído junto a pessoas ilustres, que já pertencem à galeria de Cidadãos de Porto Alegre, o Dr. Gilberto faz com que essa galeria possa ser uma demonstração efetiva de que os homens e mulheres que compõem este Legislativo estão atentos para o cotidiano de Porto Alegre, estão atentos para o dia-a-dia da Cidade e sabem fazer justiça, reconhecer aqueles que se impõem ao nosso reconhecimento. Por isso, quero, Dr. Algemir, neste dia, nesta hora, em nome do meu Partido, o Partido da Frente Liberal, trazer-lhe, inclusive, as homenagens do Dep. Germano Bonow, que é, entre nós, penso, um dos maiores entusiastas do trabalho que o senhor realiza, para dizer-lhe que nós, liberais, por formação, gostamos de festejar o sucesso. E quando vemos o seu sucesso, o sucesso da sua luta, de quem não ficou meramente no protesto, de quem foi para o trabalho criativo, respeitável, convicto, sério, esses vitoriosos nos alegram sobremaneira.

E no dia de hoje, o reconhecimento de Porto Alegre ao trabalho valoroso, competente, sério, conseqüente que o senhor realiza, é uma vitória que nós queremos compartilhar.

Por isso, privei-me de ser representado pelo Ver. Fernando Záchia - no que o meu Partido seria altamente compensado - e vim dar, de viva voz, o meu testemunho, o testemunho de meu Deputado, do Presidente do meu Partido e de todos os meus companheiros, que vêm, aplaudem, respeitam e consagram o trabalho maravilhoso que o senhor faz, como homem sensível e como médico competente. Meus cumprimentos e muito obrigado por ter-nos dado essa lição de vida, permitindo-nos transferi-la à comunidade como um exemplo que, mais do que ser saudado, deve ser perseguido e imitado. Meus cumprimentos ao senhor e a sua família. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Motta): Como extensão da Mesa, registramos, com muita honra e alegria, que também se encontram entre nós o Sr. Ângelo Brunetto, pai do homenageado; a Sr.ª Santina Brunetto, mãe do homenageado; Sr.ªs Josecler Brunetto e Maria Inês, irmãs do homenageado. Queremos também agradecer e registrar as presenças dos demais membros da Equipe do Instituto do Câncer Infantil; da Fundação SOAD de Pesquisa do Câncer, da ULBRA; do Rotary Internacional e todos amigos e parceiros dessa obra maravilhosa que o Dr. Brunetto vem desenvolvendo na nossa Cidade.

O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra em nome da sua Bancada, o PSDB.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa.) Meu irmão Ver. Fernando Záchia, muito obrigado pela oportunidade. Meus parabéns!

Meu caro Dr. Brunetto, há muito, desde a sua ascensão na mídia por seu trabalho discreto e competente, criador e profundamente reparador de algumas injustiças sociais, tenho, como político, muitas vezes, ímpetos de procurá-lo para conversar uma charla boa, esclarecedora, sobre como uma instituição da natureza da do Instituto do Câncer Infantil surge do nada, somente da vontade de alguns, e falar também na felicidade que tem Porto Alegre em usufruir de um serviço com tanto avanço tecnológico. Eu tenho certeza de que este é o seu prêmio maior: como num sonho, uma necessidade social preenchida tornando-se realidade, mas, principalmente, a imagem máxima, que é o usufruto de uma população, desse sonho às vezes inatingível, mas dessa milagrosa realidade.

Eu sou formado no já longínquo 1965, Dr. Faillace, quando a Medicina era diferente da de agora. Era desarmada, mas mais humanizadora e solidária. A tecnologia transforma-nos, massifica-nos e, muitas vezes, insensibiliza-nos. Hoje, é completamente diferente. O complexo de fibra ótica, unido ao monitor e à informática, é mais invasivo, mas muito menos cruento, muito mais indolor, muito mais eficiente, e proporciona diagnósticos muito mais próximos da realidade, entendimento das doenças associadas a terapêuticas muito mais eficientes, mas nos distanciam um pouco do coloquial, do afetivo, do epidérmico, do que há de melhor na relação médico-paciente: as mútuas e ricas descobertas. Se o que há de mais moderno em tecnologia nos encanta, exigindo-nos poder de adaptação, esse próprio encanto pode-se transformar em decepção perante a mecanização das relações, a rudeza no lugar dos carinhos e o pétreo gelado das indiferenças, ou o pior, dos afastamentos, das rejeições. Esta mudança dramática nos equipamentos e na tecnologia na área da saúde veio pouco depois das especializações - como dizia Ortega y Gasset, em “Rebelião das Massas”: “a barbárie da especialização”. Com benesses e males. E, aí, há uma profunda semelhança com a passagem do mundo feudal para o capitalista, especialmente na nova forma de divisão de trabalho: alienadora e mediocrizante, a tal ponto de não permitir uma visão de mundo real e integrada.

Se nossa economia passou de uma das últimas no ranking mundial, em meados do século passado, para a décima, nos dias atuais, não houve, por parte do segmento social, o mesmo progresso do segmento econômico. Ao contrário, a marginalização e a exclusão foram a tônica maculadora desta viagem rumo ao infinito.

E a saúde não poderia ficar fora deste contexto. Ecologia, demografia, epistemologia, epidemiologia e sistemas assistenciais no seu conjunto expressam o contrastante quadro atual. Mesmo com sensíveis melhoras, aplicamos ainda muito pouco, e mal, em saúde. Nosso papel, o dos médicos - e o seu vem sendo cumprido exemplarmente -, como integrantes de uma elite nacional, é o de, no mínimo, participar do esforço de recomposição dos valores mais preciosos de uma sociedade: a solidariedade e a justiça.

Mas com criança é diferente, é preciso muito mais. E é preciso dominar a emoção para falar de criança, e do Instituto do Câncer Infantil muito mais ainda. Há que se fugir do fastio das metrópoles, do tédio das superespecialidades, do azedume individualista. Há que se ser assistente social, enfermeiro, político, médico, sociólogo, psicoterapeuta, baby-sitter, de tudo um pouco, para entender e tratar a problemática da criança, da criança gerânio, da criança margarida, com cheiro de manacá. E se ela for brasileira, mesmo com o advento do Estatuto da Criança e do Adolescente, é preciso um cuidado maior.

O sentimento desta homenagem, misto de ternura com as crianças e a profunda admiração que o amigo desperta em toda a sociedade porto-alegrense, é também uma festa comunitária, de realizações, mas, principalmente, de novas propostas para um mundo melhor.

Resolveu, o Dr. Brunetto, há pouco mais de quinze dias, os problemas da Amanda, que, aos dois anos de idade, sofria de câncer, mas ela vai ficar curada. Continue tratando das amandas, amando.

Que a nossa ética adulta se volte muito mais para as crianças e, assim, um dia, dançaremos nas ruas, em festa, com o fechamento dos hospitais, das febens, das prisões, dos manicômios e com a abertura das ágoras, inteiramente ocupadas, lotadas, superlotadas de crianças e de felicidade.

Caro Dr. Brunetto, esta é uma homenagem da Cidade à sua vida, dedicada totalmente a essa fantástica utopia. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Motta): Eu gostaria de convidar, para fazer parte da Mesa, o Sr. Telmo Kruse, membro do Conselho de Cidadãos Honorários.

Dr. Algemir Brunetto, V. S.ª, a partir de hoje, junto com mais de trezentos cidadãos e cidadãs da nossa Cidade, assume, também, sob o ponto de vista civil e da sua cidadania, junto ao Conselho, mais uma tarefa, e o Dr. Telmo Kruse é um dos membros da direção do Conselho de Cidadãos Honorários da nossa Cidade, que nos honra com sua presença.

Solicito ao Ver. Fernando Záchia que assuma a Presidência dos trabalhos.

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): O Ver. João Motta está com a palavra e falará em nome do Partido dos Trabalhadores.

 

O SR. JOÃO MOTTA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Sinto-me na obrigação, Dr. Brunetto, de fazer, em nome da Bancada do PT, uma breve saudação pública nesta Sessão, porque por mais unânime que tenha sido a sua homenagem, eu não gostaria de deixar passar em brancas nuvens esta Sessão, e de dar o meu depoimento pessoal sobre esta homenagem.

Nós, que vivenciamos uma era, um século em que cada vez mais nos sentimos pequenos e impotentes diante dos dilemas da existência humana, vemos certas situações e desafios que algumas pessoas, pela grandiosidade que têm, enfrentam, traduzindo-se em esperança e expectativa de que, por mais complexas que sejam - e cuja tendência é cada vez mais a coisificação nas relações, é cada vez mais o individual preponderando sobre o coletivo e sobre o solidário - nós percebemos, de fato, que o poeta e o compositor têm razão: quando a alma não é pequena é possível enfrentarmos esses desafios.

Portanto, Dr. Brunetto, queremos registrar que sempre que o Conselho nos solicita ou nos estabelece uma pauta, como homens públicos que eventualmente somos neste momento, eu me sinto uma palhinha diante da obra que é o Instituto do Câncer Infantil.

Nós tivemos de superar divergências partidárias, Ver. João Bosco Vaz, Ver. Cláudio Sebenelo e Ver. Fernando Záchia, para aprovar, anos atrás, dando apenas alguns exemplos, a Emenda dos cem mil reais, que foi importante, na época, para o Instituto do Câncer Infantil, e quero dizer que foi pouco o que fizemos naquele momento. Nós tivemos de brigar, eu, no meu caso, com a Direção do BANRISUL, para viabilizar uma outra promoção conjunta; mas foi muito pequeno o que eu, como homem público, fiz.

Mais recentemente, quando abrimos um canal importante de informação para o Instituto, através da nossa Secretaria de Captação de Recursos, através do Secretário Luiz Henrique, foi muito pequeno, mas foi importantíssimo para o Instituto, porque abriu uma outra possibilidade de captação de recursos. Tudo isso, o sentimento que traduzo, sinceramente, é de que nós podemos fazer muito mais por este mundo e por milhares de seres humanos que precisam da solidariedade. Quero retratar a minha pequenez, nesta homenagem a este ser humano que possui uma grande alma e, aí, a lição de vida que ele nos impõe: de fato, quando a alma não é pequena, tudo é possível. Portanto, um apelo que faço: ajudem mais o Dr. Algemir Lunardi Brunetto nessa obra importante para o mundo, não só para as dezenas, centenas, de crianças que já são ajudadas, porque o que fizemos, de fato, é apenas um cascalho, uma pequena luz no fundo do túnel. Podemos fazer mais. E é o apelo que faço, não só aos que estão presentes a esta Sessão Solene, mas à Cidade de Porto Alegre, que é uma cidade por natureza solidária e sensível a essas obras. Parabéns, Dr. Brunetto! Fizemos pouco pela grande obra que o senhor representa e construiu ao longo de todos esses anos, com outros parceiros, como é a parceria do nosso querido Lauro Quadros, que é membro do Conselho. Meus parabéns a todos vocês, aos familiares, ao Dr. Brunetto por esta homenagem, em nome da Bancada do Partido dos Trabalhadores. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Motta): Solicito ao Ver. Fernando Záchia que proceda à entrega do Título de Cidadão de Porto Alegre, traduzido no nosso diploma, ao Dr. Algemir Lunardi Brunetto.

 

(Procede-se à entrega do Título ao Dr. Algemir Lunardi Brunetto.)

 

Gostaria de convidar o Lauro Quadros, nosso ilustre membro do Conselho, para entregar, em nome da Casa, a Medalha da Cidade de Porto Alegre com o brasão.

 

(Procede-se à entrega da Medalha.)

 

O Sr. Algemir Lunardi Brunetto está com a palavra.

 

O SR. ALGEMIR LUNARDI BRUNETTO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Esta homenagem de hoje representa um momento muito especial da minha vida, nunca imaginei, quando aqui em outras ocasiões estive, em eventos dessa natureza, que viver essa experiência fosse algo tão rico em emoções. A vida, se pensarmos bem, nos oportuniza incríveis reflexões, reflexão sobre as coisas do passado, que certamente são importantes no nosso presente, que nos ajudam a organizar o nosso futuro e que nos ensinam a viver. Observando os amigos chegando, aqui no Plenário, lembrei-me de muitas coisas do passado, já foi dito tantas vezes que a nossa vida é como um livro que é escrito página por página. O que somos também representa o somatório do que fizemos ao logo da nossa vida, das nossas grandes e pequenas decisões do dia-a-dia.

Além da Medicina, uma das leituras que sempre me atraiu foi a de temas relacionados a ser eficiente. Na vida, nós aprendemos com os erros, mas também aprendemos com boas leituras. Um dos livros que mais me marcou e que eu, com freqüência, recomendo a amigos, é o escrito pelo americano Steven Conley, tendo como título “Os Sete Hábitos de Pessoas Eficientes”. Em seus sete capítulos Conley propicia aos leitores inúmeras oportunidades para descobrir como somos e faz sugestões de como podemos melhorar. No capítulo segundo, por exemplo, o título é o seguinte: “Quando se faz alguma coisa, sempre se deve começar com o fim em mente.” E para ilustrar o que quer dizer com isso, ele conta a história de uma pessoa que entra em uma igreja e percebe que ela está lotada e, conforme vai caminhando em direção ao altar, ele começa a identificar pessoas conhecidas, amigos de infância, pessoas que ele já não via há muito tempo, até companheiros de trabalho e amigos com quem convive socialmente. Quanto mais adiante ele chega, mais e mais, naquela igreja lotada, ele reconhece pessoas conhecidas e quando vai chegando próximo ao altar, nas primeiras filas, ele vê a sua família, a sua mulher com os filhos e, na outra fila da frente, está o seu melhor amigo e as pessoas com quem ele trabalha diariamente. Quando olha para a frente do altar, ele percebe o que está acontecendo, na verdade é um velório, ele havia morrido e aquela era a missa em homenagem a ele. Três pessoas iriam falar: a mulher, o melhor amigo, um companheiro de trabalho, e aí Conley diz o seguinte: “Feche o livro e escreva o que você gostaria que eles lhe dissessem”.

Essa é uma história que me marcou porque fiz o exercício há muitos anos. E o que essa história que lhes contei tem a ver com este momento? Claro, graças a Deus, estou aqui muito bem. Não morri. Estou com muita saúde para curtir o momento especial desta homenagem que a Câmara me faz com a presença de meus amigos. Mas, vendo vocês entrarem, muitas coisas dessa leitura me vieram à memória neste instante. Os Vereadores que se pronunciaram disseram coisas bonitas, Dr. Sebenelo, muito mais do que fiz por merecer, muito mais do que ambicionei quando fiz o exercício do livro que descrevi. Mas essa leitura certamente me ajudou no momento em que tive que tomar decisões na vida. Se paciência, tolerância, generosidade ou humildade me faltaram em algum momento, que pena, fui eu quem mais perdi. Se algumas vezes as exercitei, o dia de hoje me recompensa plenamente e me dá o retorno que eu jamais imaginei. Estar aqui hoje me faz lembrar como ontem o dia em que cheguei a Porto Alegre. Eu tinha dezesseis anos, o filho mais velho do Sr. Brunetto, de uma família de nove irmãos. Lembro-me que o pai falava que tínhamos de estudar. Desde pequeno vocês falavam isso. Na sua simplicidade, vocês tinham plena consciência. E vocês, que hoje estão aqui, podem imaginar o que significa isso para uma família com nove irmãos, em uma cidade como Paim Filho, em uma época como aquela. Aos dezesseis anos completei o ginásio, indo diariamente a Maximiliano de Almeida - que certamente é outra Cidade que poucos conhecem -, já que em Paim Filho só se estudava até o quinto ano primário.

Aos dezesseis anos havia chegado o momento de sair de casa. Embora o mais distante que eu havia viajado era até Marcelino Ramos ou Lagoa Vermelha, outras duas cidades próximas, pelas quais tenho muito afeto, a Cidade que eu havia escolhido era Porto Alegre. Era onde eu iria realizar o meu sonho de um dia ser médico. Falando em querer ser médico, talvez algumas confidências possam ser feitas. Poucos sabem, mas, antes de querer ser médico, ainda pequeno, o meu desejo era ser padre. Não demorou muito, porém, Lauro, para descobrir que a irresistível atração biológica e o encanto pelas virtudes da mulher tornariam o celibato uma opção bem menos atraente. A minha carreira religiosa acabou prematuramente ainda na fase de coroinha. Tenho certeza, hoje, de que foi uma decisão bem pensada.

Retomando a minha lembrança da saída de Paim Filho, lembro também como se ontem fosse a minha chegada na antiga rodoviária em Porto Alegre. A viagem de ônibus durou toda a noite. O amanhecer, no ônibus, chegando em Porto Alegre, coincidiu com a visão das luzes da Cidade que brilhavam com intensidade como eu nunca vira antes. Era exatamente como eu tantas vezes havia visto nos meus sonhos.

Um amigo da família, que eu lembro bem o nome, César Toti, que eu nunca mais o vi, me aguardava na rodoviária, quando o ônibus chegou a seu destino final. Com ele fui caminhando, a pé, lembro muito bem, carregando minha primeira mala, que, embora quase vazia, parecia muita pesada quando cheguei na Pensão do Miguel, na Rua da Praia. Ela não era pesada provavelmente pelo conteúdo de roupas ou outros bens duráveis, mas eu descobri, depois, que tinha uma quantia generosa de quitutes, os meus quitutes preferidos, que a mãe Santinha generosamente havia colocado na mala sem que eu soubesse.

A busca por um colégio, o Julinho de tantas lembranças, o desafio de conseguir o primeiro emprego, a vontade de vencer. O ano duro, mas rico em experiências, no CPOR; passar no vestibular, a saudosa Casa do Estudante na João Pessoa. Tantas e tantas lembranças maravilhosas, tudo na já quase minha Cidade de Porto Alegre. Depois vieram mais cinco anos na Inglaterra, a decisão de retornar nunca foi questionada, apesar dos conselhos em contrário.

Caro amigo Luiz Fernando Záchia, Srs. Vereadores, obrigado pelo privilégio que me concedem em poder sentir que, a partir de hoje, eu sou cidadão de Porto Alegre de verdade. Vocês com certeza não imaginam o que isto significa para mim, tampouco calculam o quanto lhes sou grato. Aqueles que nasceram em Porto Alegre, provavelmente não imaginam o significado deste Título.

Eu quero também, neste momento, agradecer a todos aqueles que tornaram este momento possível, a tantos tenho para agradecer, muitos não presentes hoje. A minha família, meus pais, eu tenho certeza que meu pai deve estar muito feliz, hoje, por estar aqui neste Plenário, ele que tanto orgulho tem por ter sido Vereador em inúmeras gestões e Prefeito em Paim Filho. Minha mãe Santina maravilhosa, que sobre tantas coisas bonitas eu teria para contar; meus oito irmãos, cunhados, tios e sobrinhos. A Janete, minha mulher, construímos uma vida juntos, e ela me deu as coisas mais maravilhosas que eu tenho que são o André e a Letícia. Eu não vou citar mais nomes de pessoas por receio de omissão, mas não posso deixar de me emocionar, ao lembrar daqueles que tanto fizeram para que o Instituto do Câncer Infantil, como foi dito aqui, fosse hoje uma realidade; não posso deixar de citar o nome do Lauro Quadros, ele foi um irmão ao longo desses nove anos, assim como foram tantos outros, uma fila enorme de pessoas que realmente fico emocionado só em pensar, o Armando, e por aí afora. O Armando lembra de quando começamos discutir pela primeira vez a idéia do Instituto do Câncer Infantil, mas eu disse que não iria mencionar nomes, enfim, todos os conselheiros, os membros da diretoria, os funcionários que já passaram e que hoje estão conosco, e esses abnegados voluntários que, de uma forma anônima, tanto fazem pelo Instituto do Câncer Infantil, na sua luta para melhorar as chances de cura e a qualidade de vida das crianças com câncer em nosso Estado, a todos aqueles que trabalham na Corrida Pela Vida, o Mac Dia Feliz, no sábado, foi tão emocionante, o Zelinho estava também conosco, aos franqueados e funcionários do MacDonalds, que coisa maravilhosa ver esse esforço em prol de uma causa social. Agradecendo ao grupo MacDonalds. Quero também agradecer a todas aquelas empresas que, generosamente, estiveram conosco ao longo desses anos de existência do Instituto do Câncer Infantil. Agradeço também aos organizadores de eventos que, com seu trabalho e doação, nos ajudam, cada vez mais, a realizar novos projetos. Aos amigos do tênis, especialmente à turma do jogo de duplas aos sábados, agradeço por tolerarem a minha flauta quando perdem. Fica, porém, o registro público da minha queixa por, debochadamente, silenciarem quando ganham. Não poderia deixar de agradecer, também, aos colegas e funcionários do Instituto Kaplan e ao amigo Gilberto Schwartsmann, pelo companheirismo de todas as horas e pela honra de poder construir minha carreira profissional ao seu lado. Quero também, neste momento, prestar minha homenagem aos pacientes e seus familiares. Que privilégio eles me proporcionam ao participar com eles desse esforço de lutar pela saúde. Eles me ajudaram a entender que a gente precisa viver cada dia com otimismo e alegria, saboreando com sabedoria todos os momentos da nossa vida.

A homenagem e reconhecimento que hoje recebo é fruto do trabalho solidário de tantos, e é com todos os que me ajudaram que quero dividir esta distinção. Mais uma vez, obrigado, Ver. Fernando Záchia, por permitir que este momento aconteça na minha vida. Fico feliz que esta iniciativa tenha partido de um Vereador que tem história de realizações e a integridade que todos nesta Cidade reconhecem. Obrigado a todos vocês por estarem aqui comigo, nesta noite, que jamais esquecerei.

Hoje, recebo esta homenagem, mas em retribuição por tudo que Porto Alegre significou para mim, queria agradecer a Porto Alegre, mas não tenho palavras. Se palavras me faltaram, não faltou a José Fogaça imaginação, e com muita poesia ele contou em sua música o que também sinto por Porto Alegre. Por isso queria convidá-los para ouvir um pequeno trecho da música de Fogaça, mas antes que eles coloquem o CD, que é uma música que me emociona, gostaria que me dessem um minuto para ver se não esqueci de alguma coisa.

Pois é, tanto preparei, mas alguma coisa faltou, deixei de mencionar pessoas importantes, os meus amigos do Hospital de Clínicas, o Serviço de Oncologia Pediátrica. As pessoas que trabalham comigo e que toleram os meus defeitos, um certo grau de perfeccionismo, que eu diria que certamente incomoda, às vezes, mais é a obstinação, o desejo de fazer as coisas. É o preço que às vezes temos que pagar. Obrigado a Porto Alegre. (Palmas.)

 

(Ouve-se o CD da música Porto Alegre é Demais de José Fogaça.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Motta): Convidamos a todos os presentes para, em pé, ouvirmos o Hino Rio-Grandense.

 

(Executa-se o Hino Rio-Grandense.)

 

Registramos o recebimento do fonograma enviado pelo Governador do Estado, saudando a Sessão e esta homenagem, do qual faço a entrega ao homenageado.

Agradecemos a presença de todos. Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.

 

(Encerra-se a Sessão às 18h45min.)

 

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